Ideias para Debate

Tuesday, February 22, 2005

Discutir

Termino hoje a publicação dos textos do Dr Elisio Macamo que foram uma preciosa contribuição para este blog, permitindo um acrescentar de novas ideias, provocativas de debate, ao longo de um período prolongado.
Sem esta "reserva" talvez a colocação de novas contribuições passe a ser mais lenta. Tentarei manter o nível que foi atingido até agora.
E você, leitor, contribua também, se tem ideias para lançar para a mesa de discussão.
Mas, por agora, fiquemos com o último texto de Elisio Macamo. Precisamente sobre a discussão:

(11) Discutir

Já cheguei ao fim. Há de certeza mais assuntos que merecem atenção por parte do novo chefe de Estado. Pessoalmente, penso que estes são dos mais importantes. Não tenho a esperança de que estas ideias sejam pura e simplesmente aceites e implementadas. Era preciso muita ingenuidade para ter esse tipo de esperanças. Não, a minha esperança é outra. A minha esperança é que haja uma e outra ideia nas várias que apresentei aqui susceptíveis de provocar um debate sério sobre as nossas opções de desenvolvimento. Estes artigos são uma provocação ao que um amigo que comentou uma versão preliminar caracterizou como “... um frelimismo cego, isto é dos que querem saborear a vitória sem pensarem o que ela significa para os próximos 5 anos”.
Não são ideias só para o novo chefe de Estado. São para todos nós, governo, oposição e a famosa sociedade civil. São subsídios para repensar certas coisas que fazemos bem como certas maneiras de fazer coisas. Infelizmente, nos nossos procedimentos burocráticos temos a tendência de fazer coisas da forma como as fazemos porque sempre as fizemos assim. Até há pouco tempo – há sensivelmente dois anos – pagava-se 2,50 meticais pela portagem sobre o rio Limpopo à saída da cidade do Xai-Xai. Com esse valor não dava nem para dar o vencimento ao cobrador da taxa. Agora pagam-se 10.000 meticais, o que é muito mais, mas ridiculamente insignificante nos cálculos que os construtores da ponte fizeram e tomando em consideração a necessidade de sua manutenção. Cobra-se porque sempre se cobrou.
É um pouco contra esta atitude que estou a argumentar nestes artigos. O desenvolvimento não consiste só em fazer aquilo que os doadores esperam de nós. O desenvolvimento é também reflectir sobre o que fazemos. Desenvolvimento é um processo, não tem nada a qualidade escatalógica que a indústria do desenvolvimento empresta aos seus programas, a tendência, portanto, de partir do princípio de que os problemas se vão resolver duma vez por todas: acabar com a pobreza, acabar com a corrupção, acabar com má-nutrição, etc. O desenvolvimento não é a meta, é o caminho. Penso.De qualquer maneira, acho mais útil pensar o desenvolvimento nesses termos. É por essa razão que escrevo estas linhas com o novo chefe de Estado em mente. Talvez ainda não se tenha sentado para pensar o que fazer realmente nos próximos cinco anos, tanto mais que ainda há o problema da “Declaração de Maputo”. Não seria de admirar, pois os problemas do nosso País são tão bicudos que é difícil saber por onde começar. A minha sugestão é que não comece por onde os outros insistem em começar. Sugiro que comece por formular problemas.

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